19 de março de 2008


ALQUIMIA – Ana Barreto

Que a minha pele
Meu amor, lhe revele
Tal qual o sopro sentido
Da brisa que passou
Mas que em mim deixou
A promessa de voltar...

Que você me antecipe
No pulsar do seu corpo em riste
No desassossego do seu coração
Nas flores, odores, sabores
Nos tantos e tantos amores
Que você tem pra me dar...

Que em nós todo o amor floresça
E que a felicidade em nós permaneça
Pois que em mim mora a emoção
Desde que você chegou
E pra dentro de mim se mudou
Corpo, alma e coração...

RECORDAÇÕES – Ana Barreto

Tudo em mim sussurrava as coisas
Que outrora ouvi de ti
Os gemidos calados na boca
Das tantas coisas que já vivi
Os gestos ansiados repousados
Nos secretos recantos suados
Dos nossos corpos cansados
Revoltos e lindamente enlaçados
As línguas delirantes
A tramarem batalha desleal
Meu corpo insano de sede
Implorando um vendaval
E a tua seiva que tanto eu queria
A minha carne dolente acolhia
Era essa a mais bela melodia
Que cantavas ao ver que eu dormia...
AGONIA – Ana Barreto


Deus, é tão tarde!
Quem ouve agora o meu grito de saudade?
Quem lhe falará da minha agonia
Que torturava a cada vez que você partia?

Quem lhe confidenciará os meus medos
Aos ouvidos em segredos
Quem lhe dirá dos meus receios
E dos incontáveis anseios
Que jamais lhe confessei?

Quem lhe dirá dessa espera
Dessa secreta quimera
Das coisas que calada lhe peço
Ao escrever cada verso
Que você jamais vai ver...