26 de novembro de 2009



POESIA
Ana Barreto

Fazer poesia é falar ao coração
Em cada verso, o sentimento
A força de cada bom momento
Trilhado nos caminhos da emoção

É a poesia que nos rouba a razão
E que invade cada pensamento
É a poesia que é levada no vento
E nos transporta a outra dimensão

E se de poesia eu falo, eu peço
Não reparem eventual retrocesso
De alguma estrofe mal cuidada

A poesia que grita em minh'alma
Tira-me a paz, rouba-me a calma
Até que eu a liberte da morada...

SEJA BREVE
Ana Barreto

Não canse meu amor, apresse o passo
Aqui desse lado, continuo a te sonhar
E aqueles beijos que ousaste imaginar
Serão parte do nosso primeiro abraço

Vem amor, não pare, aperte o laço
Aquilo que nos une está a te esperar
É tanta fome que eu sinto de te amar
Que o coração bate em descompasso

Vem meu amor e de nós não desista
Que eu para ti desenhei cada pista
Dos muitos caminhos pra me encontrar

Vem meu amor, que eu te desejo sorte
Se não vieres decretarás minha morte
Vem e me abraça... E se faz meu par...


ROMPENDO ELOS
Ana Barreto


Hoje eu deixei de respirar o seu ar
Extirpei de mim o que de você restava
Perdoe-me, mas sua presença magoava
E eu não pude amor, mais continuar

Perdoe-me se parti assim, sem lhe avisar
Acho que por isso você não esperava
Porque todas as coisas que eu sonhava
Inesperadamente vi ruir, só pude chorar

Perdoe-me mas seguirei outros caminhos
Vendo flores muito mais do que espinhos
Esse dom você não conseguiu de mim tirar

Buscarei amor, olhar uma outra paisagem
E se nela eu vir a sua menor passagem
Eu sei que fugirei para não mais errar...

21 de novembro de 2009


ARCO ÍRIS
Ana Barreto

Vejo o arco íris em cores de cascata
Vem se derramando do céu em tropel
No alto azul, muitas nuvens de papel
Deitam sua sombra pela verde mata

Dali até onde vai a imensa ribalta
As luzes brilham nas folhas em anel
Nesse espetáculo que colore o céu
O Sol quer brilhar mais, numa bravata

E ao contemplar tudo, eu, ser mortal
Sinto cada cor do arco íris assim refletida
Em cada canto escuro que enseja vida

Vislumbro essa dança de prazer vital
Um jogo de cores de beleza desmedida
De amores e sonhos... E de despedida...





ANTIGOS AMORES
Ana Barreto

Antigos amores trazem a emoção
Que em nosso redor jamais finda
Guardamos tanta lembrança ainda
Mesmo quando se partiu o coração

Os antigos amores vem e se vão
E deixam nossa vida em desatino
Perdemos as rédeas do nosso destino
Partem-se os "sins", ficam os "senãos"

Antigos amores nos relegam à solidão
E mesmo assim em nós fica o desejo
Arquivado com a força de um beijo

Que nos assalta e nos rouba a razão
E será esse sempre o nosso ensejo
Reviver o amor... Em seus arpejos...


ACORDO
Ana Barreto

Apenas quando o silêncio se fizer ouvir
Te deixarei entrar.
Em minha casa, em meu quarto, aqui dentro!
Quero sentir teu desejo
Desnuda-me com teu beijo
O mais louco que guardou pra mim!


Apenas quando as flores esconderem seus perfumes
Me permitirei te provar.
Invadindo teu espaço despertando teus sentidos
A tua pele, o teu gemido
O teu grito permitido
Aquele que a tua boca não consegue sufocar!


Apenas quando a minha boca esquecer o teu sabor
Me deixarei ficar
Sem os anseios que tu ousas despertar
Meu coração audaz, acelerado
Meu desejo contumaz, enamorado
Tudo que sou perto de ti!


Apenas quando a Lua não mais brilhar
E o Sol abrir mão do seu calor
Te deixarei partir
E entre desejo e saciedade
Viverei minha saudade
Dormirei com minha dor.


A TI
Ana Barreto



A ti Senhor
Entrego a vida.
A minha vida...
A vida do homem da minha vida...
As vidas que nascerão das nossas vidas...


Vidas transformadas,
Felizes, iluminadas...
Vidas que aprenderam a sorrir
Vidas que conseguem seguir
Juntas, atadas,
Pelas tuas mãos entrelaçadas...

 

A ti Senhor
Entrego meus sonhos...
Aqueles que não chamei realidade
Os sonhos da tenra idade
Que só agora concretizo...

 

A ti Senhor
Entrego a minha felicidade
Que me veio pelas mãos
De outra vida
Fazendo-me um bem sem fim...
Um homem vestido de sonho
Que trouxe o sonho
Pra morar dentro de mim...

6 de outubro de 2009


AMIGO
Ana Barreto

A vida sempre nos oferece
Em horas tantas em que precisamos
Irmãos tão doces, que não buscamos
Mas pedimos a Deus, em nossa prece

Quando a dor, o coração fenece,
Surge alguém com quem compartilhamos
As flores e os espinhos que plantamos
E a nossa tristeza, de alegria esmorece

São presentes que vem sem laço de fita
E se de solidão, a nossa alma grita,
Ali estão, para nos dar abrigo.

E a cada hora em que se brinca ou medita
Nos trazem sempre a alegria bendita
De poder dizer... Tenho um amigo!

ACORDO MUDO
Ana Barreto

Digo-lhe, amor, não sou mais a mesma mulher
Prantearam-se, vazios, os meus momentos
Transmutaram-se, exaustos, meus sentimentos
Aprendi da vida, de frente, assim como ela é...

Agora, sorverei tudo quanto ela me der
Me embriagarei de meus loucos pensamentos
Rirei de escárnio, dos meus toscos tormentos
Serei assim, enquanto assim eu me quiser

E quando me curar da minha embriaguês
Assim que me voltar a velha lucidez
Rirei meus risos, farei amor com a sorte

Então, no que me reste da vida, em prazer
Serei intensa em tudo que me acontecer
Até o dia em que me abrace a morte...


A HORA DO ADEUS
Ana Barreto


Ensaiei o meu adeus por vezes tantas
Tentando partir o último elo resistente
Tentando matar do amor essa semente
E te acenar nos lenços, em ondas brancas

Nem sei meu amor, porque te espantas
Ao ler minha palavra assim, tão contundente
Amargos frutos de meu coração carente
São os vestígios de lembranças tantas


É chegada, então, a hora da partida
Sem desespero, abraço ou despedida
Ouve as verdades que a ti deponho

Pois antes que qualquer dor seja sentida
Esconderei a minha lágrima contida
E fugirei pra morar dentro do teu sonho...

17 de setembro de 2009


ORAÇÃO PELOS AMIGOS
Ana Barreto


 
Entrego em tuas mãos a vida
Daqueles que me são caros
Porque são preciosos e raros
Os que habitam o meu coração

São seres, Senhor Amado,
Dotados de muita virtude
Protege-os em plenitude
Guia-lhes razão e emoção

Presenteia-os com paz e com saúde
Dá-lhes alcançar a magnitude
Do que é capaz um coração

Pois só quem em ti acredita
Usufrui da felicidade bendita
Que se alcança com Jesus no coração...

EVOLUÇÃO
 Ana Barreto


Somos em espírito, luz e amplidão
Mas estando presos aqui em um corpo
Padecemos tanto, de tanto desgosto
E quase sempre nem sabemos a razão

Trazemos tanta dor no nosso coração
E trilhamos aqui tanto caminho torto
Navegando a busca de um seguro porto
Na tentativa de acalmar nossa emoção

Uma alma em rebeldia para se educar
É só o que sabemos e nos cabe esperar
O amor de Deus que em força se traduz

E pelos caminhos sinuosos caminhar
Os raros acertos por aqui comemorar
Buscando os passos do Mestre Jesus...
RUGAS
Ana Barreto



Em cada sulco na tua pele tão gravado
Existem traços de uma vida que viveu
São tantas marcas, digitais do teu “eu”
Contam histórias e os casos já passados

A tua infância em um tempo malogrado
Num resquício, a bela moça que sonhou
Histórias saudosas de alguém a quem amou
Algum desejo por muito tempo acalantado

Teus traços dizem do que a ti foi ofertado
De cada alegria e cada dor por que passou
Coisas que, na tua pele, o destino desenhou

E num momento, em um canto bem guardado
Nas tuas lágrimas ou teus sorrisos revelados
Retratam ao mundo o que a vida te causou...

3 de setembro de 2009




RENDIÇÃO
Ana Barreto

Vista-me, amor, em nova roupagem
Transforme-me em sonho ou miragem
Veja-me assim, como lhe apraz...
Envolva-me em tua aura, enternecido
Carente, pungente, vivido...
Nessas tramas de nós dois... Sagaz...

Vista-me em desejo e concretude
Que não estranharei tal atitude
Vista-me e dispa-me ao teu bel prazer
Envolva-me em teu querer adormecido
Que nada mais me alegra do que ter vivido
A doce beleza de te conhecer...

1 de agosto de 2009

ESTRELA DALVA

Mãe

Quantas coisas na vida busquei

Mas nela jamais encontrei

As respostas que me davas

Agora, volto ao passado

Ao meu tempo de menina

Em que por doce e linda sina

Lá também eu te encontrava

Lembro-me mãe

Da tua presença sempre forte

A indicar-me o sul ou norte

A estender-me a tua mão

E se meu corpo padecia

Em doença ou agonia

Era a tua companhia

Que a mim apaziguava

E hoje minha mãe querida

Por mãe também que sou

Enxergo então o ardor

Com que sempre me cuidavas

E me vem então o desejo

De pedir-te por perdão

Pelas vezes que não te ouvi

E segui meu coração

Colhendo frutos amargos

Das tuas palavras repetidas

Que tantas vezes nessa vida

Foram-me luz na escuridão!


PAI

Quisera eu eternizar meu tempo de criança

Para, pelo sempre, desse teu colo desfrutar

Porém, o tempo passou depressa, sem parar

Eu tive que crescer, mas guardo a lembrança


Como se fosse agora, renovando a aliança

Teus sábios conselhos em mim vêm ecoar

Tantas palavras tuas que ressoam pelo ar

São doces sussurros que renovam a esperança


De ter, meu pai, de volta, o tempo perdido

De reencontrar a paz do teu colo abrigo

Porém a vida me arrasta e sou machucada


Pelas farpas de um caminho tão sofrido

Que só anseio refazer o ninho prometido

E reaver a tua luz na minha estrada...

29 de janeiro de 2009


FOTOGRAFIA
Ana Barreto


Estou tentando em vão te vislumbrar
Nas linhas escuras de uma fotografia
Tentando ver em ti o que mais havia
Além do que a máquina pôde captar...

Quem sabe quantos sonhos irias sonhar?
Daqueles que se sonham à luz do dia
Daqueles que colocam o mundo em harmonia
Apenas, tão somente, pra nos encantar?

Aqueles sonhos que te serão a imagem
Das coisas que deseja o teu entendimento
E quem sabe em algum louco pensamento

Tu me vejas refletida na rápida paisagem
E voltes o filme que retrata o sentimento
E me tornes teu amor... Por um momento...

É ASSIM QUE GOSTO
Ana Barreto


Gosto da sua fome
Da sua falta de decência
De tirar minha inocência
Quando menos eu espero.
Gosto da tua mão atrevida
Me buscando pelos cantos
Descobrindo os encantos
Que nem eu conhecia.
Amo tua cara descarada
Teu sorriso atrevido
Teu total desvelo
Em me atender cada apelo
Mesmo aqueles que nem sonhei fazer.
Me delicia esse teu corpo quente
Que me põe louca, demente
Me tornando inebriada
E eu, não sendo mais senhora de mim,
Me deponho aos teus pés
Escrava que sou dos teus desejos
Viciada que sou em ti.